terça-feira, 8 de novembro de 2011

Neve

Decisões impossíveis em tempo de sangue sobre a neve.
Há um grande campo de neve ali. Estou aqui presa e perdida.
Vejo uma fogueira e tenho que me manter quente.
No meio de uma clareira infinita de brancos cristais desespero.
Um desespero calmo, na tranquilidade da inércia.
Limites que não alcanço cortam o caminho que não tenho.
Vejo portas de madeira velha no meio deste nada, abro a porta.
Estão postadas, ali, no meio deste nada. Permaneço no mesmo sítio.
Aonde me leva a neve?

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Jogo

Comecei por subir o Pé-de-feijão que João subiu outrora e alcancei o topo do mundo.
De lá, senti a explosão que precisava à muito.
Viajei, amei, curti.
Descendo, encontrei-me no meio de formigas constrangedoras que me salpicavam com o olhar.
Chegando ao sofá, encontrei o conforto que necessitava.
E entrei no jogo, vendo a família distinguida da realidade dos outros jogadores.
Senti a selva, a terra, a poeira queimar-me o olhar.
As luzes que se adulteravam em mil imagens e cores.
Quadrados feitos de perspectivas confudiram-me até o Principe me salvar dos forasteiros que me rodeavam.
Tornei-me então numa dançarina da tribo terrestre e embalei o meu corpo na entrega do conjunto de notas que atingiram o êxtase do carnal.
As folhas precipitavam-se numa corrente de formas animalescas inacreditáveis.
Não recordo mais, fica o resto nas mãos do meu querido inconsciente. O melhor é só para ti, coração.

Protagonismo

E se eu protagonizar o invisível num por acaso constante.
E se o futuro se iludir por um passado de ilusões definitivas.
Vou caminhando num passeio de terra poeirenta que vai conseguir a satisfação.
Fui iluminada.
De uma iluminação inesperada pelo anjo do sorriso das lamentações.
Viver o novo pode ser a mentira dos costumes.
Ou aquilo que espero está a transformar-se na realidade crua, oculta?
Já não invejo o que amo.
Descobri o que amo e perdi a inveja da vista que sustento.
Mas o protagonismo é o prazer que sinto, a calma.
Protagonizo a minha longa metragem.
E nela vi o topo do mundo. O topo da pura ascenção ao amor, à protecção.
O pilar que não me deixa derreter.
Aquele que me faz ganhar o jogo.
Protagonismo.
Te amo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Fascínios

Vivo de fascínios.
O meu temperamento alimenta-se daquilo que me fascina diariamente, e é só por isso que vale a pena viver.
Uma coisa só pode ser fascinante de estiver minimamente distanciada e é isso que torna tudo tão falso.
Que primitivo tudo é, baseando-se em utopias visuais que formam uma ilusão.
O amor é um fascínio.
A amizade é um fascínio.
A companhia é um fascínio.
A sociedade é um fascínio.
O dinheiro é um fascínio.
A cultura é um fascínio.
O teatro é um fascínio.
Vivemos de fascínios que nos iludem magicamente.
O amor é uma ilusão.
A amizade é uma ilusão.
A companhia é uma ilusão.
A sociedade é uma ilusão.
O dinheiro é uma ilusão.
A cultura é uma ilusão.
O teatro é uma ilusão.
E nós que somos tão mais instintivamente animais do que pensamos.
A carne é o que torna as ilusões reais.
O resto, é retórica minimalista.
Continuarei fulminando o real.
Vivo de fascínios.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Simplificando

É complicado o agir.
Ao invés do pensamento que é complexamente simples.
Então visitei a tua casa. A vossa casa.
A mobília era, à primeira vista, diferente da minha.
Mas quando vi realmente os pormenores, encontrei-os tal e qual os meus.
E então, simplificando, cheguei por meios mais equilibrados, à mesma conclusão.
A prima vez, revolvi emocionalmente as tuas (vossas) baixezas.
Agora, hoje, ontem e amanhã, alcancei a tua (vossa) posição.
Simplificando...Sou isto tudo em balanço com tudo aquilo.
Mas (ah sim, o tão esperado e odiado mas!), mas, feliz ou infelizmente, pouco me interessa agora (agora, hoje, ontem e amanhã), só terás (terão) a minha essência e aura no momento de aceitação.
O que, simplificando, significa que isto tudo que eu sou tem que ser adorado para não se sobrepor ao tudo aquilo que de mim nasce.
Inversamente ao que quero conseguir, prefiro os cegos que não atingem nada disto.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Crueldade

A crueldade vem das diferentes prespectivas.
Cada um sonha da sua forma
Cada um vê da sua janela
Cada um imagina do seu partido
Mas cada um vê diferente
E a crueldade transforma-se em absorção de erros
Erros para um
Certezas para outro
Alimentamo-nos da crueldade pacífica
Vivemos da crueldade passiva
Amamos devido à crueldade activa
É um bando de seres contorcendo-se na sua busca
A orgia em busca do amor
Que encontra a crueldade
A crueldade mascarada de amor
Odeio o que invejo
Invejo o que amo

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

tenho saudades tuas...

Não queria nada voltar a passar o que passei
Não tenho saudades nenhumas do que passei
Mas tenho tantas saudades tuas