quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sincronização

Sincronizo o meu costume e vejo-me lacrimejante de folhas incessantes.
Limpo o presente e acentuo tudo o que resta de memórias guardadas, que se situam naquela janela ondulada com sapos cinzentos, que olham para mim sardonicamente. Mas o que eles vêm é a minha figura, não o meu corpo. Tudo menos eu. Só o eu que eu conheço. Serei tão superficial assim? E o talento completa ou é o pior?
Só poderei voltar quando me encontrar e aí venha o desprezo que não me larga e me atinge. Porque aí, não vai haver desilusão. O rei Luís momentaneamente de Camões acredita que a desilusão nao a há, apenas resta a ilusão. E será que está aí o desfeche?
Que venham essas crispadas conclusões!

Solidão

Ainda que rodeada de galgos cantantes, sinto-me total e incoerentemente sozinha.
A solidão é algo inevitável ou imprescindível e tenho-a comigo inteira. São só os frágeis e breves momentos que me fazem saborear a chamada mas não verdadeira "felicidade social". Não guardo rancor de impaciências óbvias. Só tenho o valor de matéria e é isso que me faz compreender os galgos apaixonados. Acham-se paranormais ou normais demais mas têm divindade para outros cachorrinhos ingénuos.
Não há o preciso, só o impreciso e isso faz convidar as setas da terra.
É Artemis que olha para mim ironicamente porque caço tudo o que miro.
Corro? Poeira...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vinho Tinto


Como não poderia deixar de ser!

Aquele aroma que me deixa zonza de desejo inconcebível, quando pego na altiva e esguia taça de lovoures que me faz vibrar incondicionalmente. A primeira lágrima desta quente e frutada bebida...(és tão mais que uma bebida, querido vinho!), provoca um momentâneo arrepio de prazer, e o fernesim inicia-se.

O ardor do álcool desliza suavemente pelo meu interior pescoço e paraliso, saboreando o meu prolongado gole de felicidade.

Olho o vermelho perdido na sua escuridão pessoal e sinto a côr penetrar meus dentes, lábios e língua...desejosos de voltar à experiência recalcada.

Perdida...


Estou perdida em tudo...

Só me encontra quem eu não preciso que me encontre.

Tenho sincera apaziguidade pela presente situação, ao menos que alguém me veja...mas quando quero que tu (infinito) me descubras, nem sequer me tentas ver. Nunca.

Não vou perguntar porquê, visto que justificações floreadas mentalmente não irão dar-me qualquer tipo de graça.

Está em mim o lúcifer do diálogo de harmonias? Talvez... Desejo tanto descobrir, mas não poderei fazê-lo sem primeiro tomar a impretrível consciência da minha essência e da sociedade que me confere.

Mas é o que sinto...egoísticamente é apenas o meu humilde sentimento.

É a ânsia de crescer que me empurra para estas possivelmente precipitadas decisões mentais. Como uma Górgone olha para um petrificado homem, eu olho-me e tranformo em pedra dura o meu cinzento olhar.

Desejo inconcebido

Tenho este desejo inconcebido de dizer aquilo que nem sei se sei.
És tu, sim, não te espantes sardonicamente como se fosse mais uma reacção incontrolada desta tua amiga tão incoerente.
És brilhante e o teu trabalho espantarme-á sempre. Quererei sempre voltar para ti e irei fazê-lo mesmo que sem fundamento superficial.
Mas são aqueles julgamentos escondidos ou literais que me fazem ter nojo de ti tantas desesperadas vezes. Sim, NOJO! Não me olhes desse modo ofendidamente hipócrita porque só não vês porque tens essa ideia utópica formulada por influência das tuas subservientes companheiras. É aquilo que não consegues ver nem nunca conseguirás porque a humildade não está presente em teus devaneios.
Oh, se eu pudesse ao menos dizer-te tudo isto. Dizer palavra por palavra. Mas nunca atingirás o conhecimento sobre nós para o descobrires. E eu não to posso dizer, por todo o precioso tempo que me dedicas-te e que tomei com toda esta nossa mágica situação.
Mas essas críticas desnecessárias e sem vergonha. Nunca te perdoarei. Ou, talvez...perdoarei porque sei que me admiras inaucásticamente e pelo passado sem futuro que passámos. Mas não esquecerei.
Apesar de tudo, Amo-te. Mas isso já eu te digo muito. Demasiado talvez...