sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

É mentira!


Será mentira tudo o que me rodeia? Os meus passos diários e a minha continua vivência que sobrevoa o que sou sem me acenar...
Faço os possíveis para compreender, observar...mas é de facto o interesse que manipula estes meus espectadores. São um público fascinante, mas sem rodeios. Ou com já subtis rodeios que envoltam e me conseguem mentir.
É mentira o que vejo e o que faço ver.
Então, se esse público é um descarado mentiroso, porque é que eu não faço parte dele?
Não sei mentir, mas terei de aprender.
Ontem, mentir era a desonra.
Hoje, mentir é o caminho certo.
Amanhã, mentir será honra.
E eu...eu que vivo hoje estou a viajar no ontem de amanhã.
Ah que pelintras me olham com lágrimas de sangue seco.
E eu...eu que me acanhe e que crie um escudo de algodão.
Simplesmente porque NÃO SEI A ARTE DE MENTIR!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

E Fui Salva...


Salvou-me e integrou todo o meu corpo, mente e alma.
Apareceu mínimo de espectativa.
Veio e criou um sonho lavrado.
Chegou combatendo fantasmas.
Integrou melhorando a distracção de roturas.
E fui salva...
Ó venerável, religião de energia e árduo talento.
Salvaste-me de todos os males intrinsecos.
Vigias-te a minha negra noite na bruma suja que me acolheu.
Só vivo por ti e sobrevivo em ti.
E fui salva...
Dioniso resguardou o seu olhar para compreender o meu chamamento.
E assim corri para ele impulsionada de lesões mágicas e tormentos de felicidade atroz.
Em ti todas as utopias são verdades e todas as verdades são mentiras.
A falsidade em ti é a mais verdadeira emoção e todo o sentimento é corrente de voz.
Poderei fingir sem medo de cair naquela cave de trigo encharcado.
Sairei e entrarei quando me apetecer.
E fui salva...
Sussurrei para me não ver ali, mas como por sobrenatural caí.
E caí tão bem...tão leve.
Transformei-me nesta pena de chumbo.
Só tu me ocupas a felicidade.
E fui salva...
Salvaste o que não podia ser salvo.
Invoco tudo o que vem de ti.
Males e tudo o bom.
Invoco todos os deuses que te vivem.
Venero-te salvador da minha impossível alma.
E fui salva...
Eu...Eu morria por ti. Eu vivo por ti.
E estou salva...


Anjo Descuidado

Crias-te a veemência conjunta de poder comum e fascinas-te a minha criação.
A nossa paixão, que faz a nossa existência é o que nos uniu nesta experiência de gratidão.
Esse teu altruísmo puro de aproveitamento e essa tua insegurança fascinante e irritante que colecciona anéis de vaidade.
És a liberdade dos seres vinculados de amor e ódio.
Volta-te belo anjo descuidado.
Tens este descuido como uma roseira criada.
Vim e convidei a confiança a desconfiar dela só.
Agora só tens que mentir e verás as costas do teu Satanás cuspido.
É assim, meu anjo negro. Assim é, esta existência dura que não amolece.
Mas tens esse segredo de agonia, esse talento de viragem que te fará perder. Ou vingar...
Agora...
Vai-te!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Lamentos


De que servem esses arrojados benfeitores?

Se lamento a existência sou um adolescente em crise ou um poeta reformado.

Se lamento a utopia de gerações sou um velho esmifrado de certezas incertas.

Se lamento a genialidade das mentes sou um pseudo intelectual frustrado.

E o que sou e o que lamento no final? As intenções exigidas serão prantos de agonia adversa?

As linhas correm-me como me escorre a água pela goela abaixo. Toda certa e toda avançada de tristeza por inquietação.

Lamentarei tudo, e só o nada poderá vir de encontro a mim.

Viverei em constante desalento de lamentações por negar o meu próprio lamento.

Assim serei a mais feliz das espécies, representando a minha pela beleza de carácter.

Vejo-me assim neste espelho de contradições sem fim. Infinitas vezes traindo-me nos meus princípios principais.

E lamento a única linha: Eu.

Cobardia de Romance


Conspurcadamente me traiu. Ele ou você, esse mal em que tanto desejo entrar.

Porque me fez o que eu desesperava? Por eu o manipular de incerteza?

Assim ele que venha a entrar em mim, estás convidado ó anjo de beleza traidora.

Tenho que limpar o fruto que assim me olhas sensualmente. Mas porque continua ele a olhar-me assim?

Nem distingo o pudor sensual da imposição sexual.

Serão os meus lamentos interiores um simples capricho de conexões carnais?

Oxalá fosse você, o meu menino, que me detivesse como princesa.

Mas continuaste a desprezar-me. Fá-lo e nunca pares.

A minha humilhante ideia faz-me querer que me odeies. Que não me olhes apaixonado. Olhe-me só eterno. Mas vazio.

Retoma o efémero vinil de saudade.

Ah, saudade é o mesmo que mentira.

Se ao menos a mentira não fosse tão próxima do desejo.

Não quero mais ãos!

Os ãos já enjoam. Estou farta de ãos inacabados que me voltam a enganar.
Se fica bem é porque nao é puro. E ser impuro impedirá um ão de abortar?
Se os ãos me perseguem para me trairem continuamente eu em vÃO, irei voltar ao prometido.
Só os ãos me dÃO o prazer de dizer que nÃO.
Um bem social é algo alheio à pureza.
3 é um bem puro. Ou um mal social. Porque o Teatro só é bem visto de fora, mas lá metidos já é corrupto.
2 é um bem social. Ou um mal puro.
Bem vindo ao mundo dos ãos que arrebataram a sociedade.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Véu


O véu que eu criei lançou-me nesta soturna tempestade de remorso.

Aquele véu que não me protege, mas que me acolhe na mentira jocosa.

Vejo-me assim: vestida de louvoures mas despida na solidão de permanente contacto humano, com o meu véu que oscila em desabridas cores de vaidade e petulância.

Vejo-me assim, mas revejo-me no espelho que me cobre o véu do rosto.

E nesse espelho há um corvo.

Um corvo preto com bico e patas de prata polida em vão.

Olho o infeliz pássaro que me vem entregar o véu. O odioso véu do orgulho. Da culpa. Da insensatez.

E como num silêncio, ele cobre-me.

Escondo-me assim, para não mais me ver.

Agora encontro-me tão só, que nem uma inteira população me ouvirá.

O adeus é desnecessário, porque não há a quem o pronunciar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Utopia

A felicidade é uma utopia de costumes que se baseia em contradições.
Não faz sentido procurarmos a felicidade visto a impossibilidade permanente desta.
Não vale a pena coexistirmos. A existência só vale algo se for vivida na solidão.
É impossível dois seres humanos viverem em harmonia. A harmonia entre duas almas não existe. É mais uma utopia de costumes.
A rotina muda o discernimento das pessoas. As prioridades.
Conclusão?

Horas


As horas são tormentos que ficam

As horas, que prosperam, magoam

Horas são as que brilham num baço olhar velho

Vêm conjuradas num balanço em que vejo as flores dinamizadas

túlipas narcisos assussenas leves

criadas na matemática vigilante

que entristece na noite pálida

As horas, aquelas malditas horas

que me obrigam a enfrentar a minha ridícula realidade


Vai-te

Sume-te daqui hora estúpida

acolhe-te na tua crua verdade desdita


Sou capaz de implorar:

Horas, saiam!

Palavras


Quais são as palavras que habitam o tudo?
São as que regem o nada?
As que finalizam?
Se nas palavras virmos a esfera que circunda a vida, vimos o conjunto das palavras que nos destróiem.
Seremos heróis se amarmos as palavras?
Temos que encará-las para as vivermos...ou é mentira
descalça espezinhada e encolhida
por causa das palavras tudo foge e tudo regressa
o regressar não é vir
é partir em cobardia e voltar em agonia
Se comunicamos por palavras, mentimos ao mundo
Elas não são para falar ou ler ou escrever ou pensar
são para ser
Simplesmente Ser
Sem questões ou dúvidas
palavras que sejam que admitam e que sintam o seu sabor
Mário, William e Hamlet foram as palavras
Os adultos não o são.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Erros

É de facto com os erros que se aprende. Podemos elaborar meros detalhes com sacrifício, que este raramente vale o esforço.
Perdi uma futilidade mágica na minha vida, à qual raramente tenho acesso pela pura bondade. Mas se a bondade é um meio para atingir a crueldade, para quê seguir princípios? Não direi utilizar o fim, mas simplesmente não actuar. Não pensar. Não agir segundo a lógica.
Alguém que acompanho toda a vida, que conheço e finalizo, continua sempre a surpreender-me. Admito que terá sido a última vez, porque irei sempre esperar pelo mais raso nível e mesmo que atinja um altar um pouco mais altivo, não darei outras chances de medo jovial.
Foi a derradeira.