sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sobe e Desce


Pequenina e frágil subia bruscamente e descia levemente no baloiço.
Era na maior parte das vezes no café vila faia, enquanto os avós tomavam o seu café das onze.
Saudade dessa sensação, que me elevava no ar e tudo era fácil.
Queria poder congelar aquela sensação e o momento e agora mergulhar nele horas, dias, até anos.
Mas encontro-me no mesmo sobe e desce. Mas agora, subo levemente e desco ainda mais bruscamente do que subia.
Farta das lágrimas de não sei quê. Farta do vazio de não sei quê.
Quero rir da ironia do que me rodeia. Parece que sou a única espectadora de uma comédia sem fim. Que ridículos que são todos.
Mas o que eu dava para estar ali com eles. E ser ridícula como eles. Ainda mais ridícula.
Mas quando me levanto para fazer parte da comédia, só consigo ser triste.
Quando estou feliz sou triste.
Mas a minha tristeza é heróica.
O que é mais frustrante é que sinto-me assim sem o ser.
Devo ser o maior palhaço de todos.
Nao vivo, nem sobrevivo, nem procuro viver.
Estou. Sou.
Sou nada.
Vocês são todos ainda mais ridículos do que parecem!
Quero dar gargalhadas. Estão presas.
AHAHAHAHAHAH!
E agora sei que ridícula sou eu.
Deve ter sido o riso. Com gosto, o diafragma a contorcer-se para fora e para dentro até doer!
Acho que já estou morta!
Vocês veêm fantasmas! Percebem o ridículo que é o vosso raciocínio?
Não...são ridículos.
Estão parados lá em cima ou lá em baixo.
Eu subo e desço.

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