quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quero mais de muito menos!

Os desabafos escritos de maneira complexa e imperceptivel são a máscara que uso. Mas preciso de mais do muito menos...estou farta de me nivelar por cima, porque é que sou tão convencida ao ponto de escrever merdas assim? Vou continuar a fazê-lo...mas só para o meu ego, porque são hipocrisias para orgasmos intelectuais forçados.
Eu sou só eu. Sou o cúmulo da pita comum. E sendo assim...mando um fodasse bem alto para estas falsidades de carácter. Que merda é esta? Falsidades de carácter? Que snob! Eu ainda agora comecei a viver..,ainda agora comecei a acreditar na vida e na morte...putas das palavras que olham para mim como escárnios. Nojentas. Vão todas para o caralho! Eu estou aqui, quero escrever assim e ponho-me com merdas intelectuais. Quero passar a ser básica? Quero mais do básico...Quero mais de muuuuuuito menos!

Escombros

Nesses poéticos escombros me enlaço...vinte e três vezes cortada nas nuvens de sal grosso.
E encontro-me aqui, sem braços que me elevem ou correntes que me deêm esse precioso impulso atractivo.
Leio as páginas de um livro queimado e lamacento de um velho pescador e choro por não mais me erguer destes escombros perdidos.
Ao entrar na remessa de perdição, acolhem-me os violentados pedaços de madeira.
Resta respirar até onde for a água do mar e fitar esses maltratados eleitores.
Assim...cairei petrificada e aí se alçará a minha roseta pessoal com a inscrição prevista: Aqui jaz...só mais uma pessoa. Só mais uma vida.
Assim, na minha insignificância, me verei entre os demais. Porque até os grandes...são só mais uns.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ironia...

Se na minha vida tudo se tranforma ironicamente e acaba por se revelar ridículo...só eu é que o vejo.
Tenho a ruptura de imaginação que me faz ter a arrogância necessária para me defender do pânico presente, mas entrego-me com tamanha facilidade de humor e empenho de carácter que acabo por cair frágil e desprezada.
E tudo isto se torna irónico, na esperança da medida dos meus actos.
Porque eles me amam e logo depois de eu me postrar passam a ignorar a minha existência e tranformam-me naquela bela estátua de mármore de que sou feita nos seus podres olhares.
E vivo aqui na tortura do não saber aquele jogo que os conduz - aos mundanos cobardes.
Porque, ironicamente...só sei amar. Não sei jogar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O pião


Ele que gira e se pavoneia alegremente sob a ingenuidade e frescura dos seus amantes.

O pião, que traz a infância à memória escutada de um antepassado demente.

É a primeira imagem que vem na lembrança de clichés de amargura em câmara lenta.

Vemo-lo rodar e rodar e rodar, numa mistela cromática de suspensão e depois ir pesarosamente atingindo a meta de cair sem vida.

E quando o pião cai, morre o seu redundante público.

Fascinando os demais, o pião que gira e gira e gira, escuta os olhares abundantes de inocência trágica e pede mais.

E com a corda faiscante, os leitores de suas rúbricas gravadas no chão de pedra movem-no para esse terreno sólido outra vez e voando ele roda e roda e roda, até morrer de novo.

As crianças têm a pura bondade e o mais malévolo impulso, e assim, construindo a passagem para a humanidade social, elas influenciam-se deixando o seu inocente pião, sinal da fertilidade da sua pureza.

E o pião gira e gira e gira, até cair para não mais se erguer.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A minha clave


A clave que eu criei mentalmente, transformou-me fisicamente.
Naquela enigmática, triste e enfadonha tarde de uma quarta-feira esteticamente podre, o que sou foi total e irreversivelmente tranformado numa simples imagem: uma clave de sol.
A minha clave, que me trouxe a minha estabilidade.
Quando a metamorfose terminou estava canalizada para a música. Era música. Pura e Perfeita.
E ela estabeleceu-se no meu corpo percorrendo todos os meus traços, perdendo-se nas curvas e criando oitavas de tons complexos e brilhantes...
Tenho-a sempre comigo agora...Em todas as minhas pulsações.
Diariamente contemplo-a...olho a minha clave, que posso chamar sempre minha.
E sei que não haverá nenhuma tão perfeita em todo o seu sentido como a que me pertence.
Serei muda e cega e não conseguirei andar. Mas surda nunca, porque a tenho sempre comigo, no meu andar, na minha ofuscante respiração de leveza crua.
O resto, dir-me-ão aquelas tortuosas horas.