quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lupa da Inconsciência


Sou Inconsciente do que não vejo.
Se nada vejo sem a minha lupa, como me posso eu ver?
E se não me vejo nunca sem ela, sou desprovida de humanidade sólida.
Consagro-me unicamente com ela, torna-se parte do meu corpo.
Um objecto ser parte de um corpo é uma linhagem de imperfeição recorrente.
Que traição do Criador...
Bebo tudo o que me ensina a criar e contrario o meu hábito desfazendo-me em experiências até chegar ao tal caos da loucura metafórica.
Uma gota de sangue faz-me voltar à vida...mas será que ainda lá estou?
Olho o efeito anónimo da eterna poção da imaginação e deslumbro-me com o resultado inimaginável de atenção...observação...descoberta.
Só a minha lupa me podia ter feito descobrir o que vi.
Lamento a consequência impotável e absorvo o que jaz de mim.
Mas não julgo, bebo mais...
E lamento o resto.

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