O véu que eu criei lançou-me nesta soturna tempestade de remorso.
Aquele véu que não me protege, mas que me acolhe na mentira jocosa.
Vejo-me assim: vestida de louvoures mas despida na solidão de permanente contacto humano, com o meu véu que oscila em desabridas cores de vaidade e petulância.
Vejo-me assim, mas revejo-me no espelho que me cobre o véu do rosto.
E nesse espelho há um corvo.
Um corvo preto com bico e patas de prata polida em vão.
Olho o infeliz pássaro que me vem entregar o véu. O odioso véu do orgulho. Da culpa. Da insensatez.
E como num silêncio, ele cobre-me.
Escondo-me assim, para não mais me ver.
Agora encontro-me tão só, que nem uma inteira população me ouvirá.
O adeus é desnecessário, porque não há a quem o pronunciar.
"O adeus é desnecessário, porque não há a quem o pronunciar."
ResponderEliminardisseste tudo... esta frase... é tão, tão forte, e tão verdadeira. amei.