segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A minha clave


A clave que eu criei mentalmente, transformou-me fisicamente.
Naquela enigmática, triste e enfadonha tarde de uma quarta-feira esteticamente podre, o que sou foi total e irreversivelmente tranformado numa simples imagem: uma clave de sol.
A minha clave, que me trouxe a minha estabilidade.
Quando a metamorfose terminou estava canalizada para a música. Era música. Pura e Perfeita.
E ela estabeleceu-se no meu corpo percorrendo todos os meus traços, perdendo-se nas curvas e criando oitavas de tons complexos e brilhantes...
Tenho-a sempre comigo agora...Em todas as minhas pulsações.
Diariamente contemplo-a...olho a minha clave, que posso chamar sempre minha.
E sei que não haverá nenhuma tão perfeita em todo o seu sentido como a que me pertence.
Serei muda e cega e não conseguirei andar. Mas surda nunca, porque a tenho sempre comigo, no meu andar, na minha ofuscante respiração de leveza crua.
O resto, dir-me-ão aquelas tortuosas horas.

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