terça-feira, 9 de março de 2010

Sonhei?


Acho que sonhei!
Acho que o passado foi um sonho inacabado e real em todo o seu esplendor.
Verto lágrimas de saudade...
Mas a falta que sinto delas, deles, das palavras inimigas, da nuvem boémia que via dia a dia a afastar-se, é real.
Vejo as imagens reais das emoções imperdíveis de vida inconstante e ainda assim, não creio.
A minha fé afastou-se...
Era a minha vida.
Era parte de mim.
Era um conjunto harmónico de linguagem única.
Era a metamorfose de corpos e almas unidas.
Desconhecidos eram irmãos.
Vencidos eram vencedores.
Era uma corrida a um prémio que todos ganhámos.
A inalcançável entrega total à nossa música enebriada de embriaguez.
E nós (eu pertenci...) atingimos o inalcançável.
Um mundo inaudível, imperceptível, desconhecido...
Eu conheci-o, fiz parte dele...
E agora...não acredito.
Vejo apenas uma névoa de um sonho.
E só preciso de vos voltar a ter no meu corpo, te ouvir os timbres uníssonos.
Mas até isso parece agora inalcançável.
Só preciso de olhar para a mesa, ver os copos com o vinho escuro a dançar ao ritmo do som do mais puro laço.
Ver os cigarros emanarem um fumo atento e perpétuo...
Ver as guitarras abraçarem-nos com a intensidade mágica que conhecemos.
Ver os cabelos desgrenhados abanarem nos movimentos corporais distintos...
Ver os lábios negros do vinho agonizarem as palavras e moldarem o seu som.
Mas descrevo um sonho...

Foi verdade?
Ou...sonhei?




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